domingo, 21 de setembro de 2008

Passaporte de entrada para a Revista A+

Por Raphael Dias Nunes


O Processo Seletivo da Areté Editorial S/A (Grupo Lance!)

Depois de uma prova que envolveu conhecimentos gerais, conhecimentos esportivos, 3 redações, prova de lógica, 2 questões discursvias-argumentativas e uma tradução de um texto em inglês; veio a entrevista.

Na entrevista, apresentei meu currículo e logicamente fui muito bem, pois apresentei meus (nossos) trabalhos brilhantes do CHORUME. Depois da entrevistadora ter ficado perplexamente impressionada com o talento e brilhantismo dos posts do CHORUME, ela me pediu ainda para fazer uma "matéria" sobre alguma experiência de trilhas minha.

Diante de tal desafio, desenvolvi o seguinte trabalho, que repasso aqui, na ÍNTEGRA.


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PEDRA DA GÁVEA
Uma subida inesquecível

Localizada entre os bairros da Barra e de São Conrado, a Pedra da Gávea é um dos pontos mais visitados pelos trilheiros e turistas do Rio de Janeiro. Em sua composição, um imenso bloco de pedra, que se estende do mar até 842 metros de altitude. Aparentemente, parece impossível conseguir conquistar o seu topo, mas há uma trilha de acesso relativamente fácil que permite qualquer aventureiro chegar até seu cume. A entrada se dá por um condomínio no início da Barra, que fica na Estrada Sorimã, número 932 (nas proximidades do bar do Oswaldo). É permitida inclusive a entrada de carros.

A trilha mescla momentos fáceis e difíceis e exige um bom preparo físico, pois em algumas vezes, é necessário escalar. Mas o esforço é muito bem recompensado com o visual que se tem de cima da Pedra da Gávea, um dos mais bonitos (senão o mais) do Rio de Janeiro. Além do mais, a trilha é rodeada de mistérios e lendas, o que torna o passeio ainda mais curioso. Do alto, a vista em 360
º, pode-se visualizar as zonas sul e oeste da cidade, além de picos como o morro do Corcovado, o Gigante Adormecido, Pedra Bonita e até o Dedo de Deus.

A trilha


A subida é bastante cansativa e pode ser feita em aproximadamente 2 horas de caminhada e
escalada, se o grupo (ou o indivíduo) mantiver um bom ritmo. Pela frente, o visitante terá um longo caminho que pode ser dividido em três partes:

Em seu primeiro terço, a trilha é feita sem grandes dificuldades e
segue pela mata fechada. Este trecho é bastante sinuoso e em alguns momentos, pode-se perceber algumas setas amarelas para indicar o caminho certo. A caminhada vai até a Pedra do Navio, que de cima dela, se tem um mirante com uma vista parcial para o início da Barra. A partir daí, a trilha começa a ficar mais inclinada, com muitas subidas por troncos e pedras, que exigem pernas e braços em pequenas escaladas que não oferecem perigo. O segundo terço termina na entrada de uma grande área plana (praça da Bandeira), utilizada muitas vezes para se fazer um breve intervalo de descanso.

A parte final é pedreira. Literalmente. É a mais bonita, cansativa e – logicament
e – alta. A vegetação começa a se abrir e com isso o visual torna-se cada vez mais incrível, podendo-se ver a face nordeste da pedra, que impressiona por seu formato de rosto de ancião. Mais à frente, chega-se ao local que é considerado o mais crítico da subida: A Carrasqueira. Um amontoado de rochas, onde a escalada é inevitável. Temida por muitos, é justamente lá que muitas pessoas desistem e se acidentam também. Por isso, todo cuidado é pouco. O rochedo se divide basicamente em três grandes fendas. Na subida, é preferível utilizar a fenda do meio, por ter mais pontos de apoio. Superada a dificuldade e o cansaço da Carrasqueira, a trilha ainda segue por caminhos estreitos que devem ser seguidos com muita atenção, devido às constantes erosões que ali ocorrem.

DICAS PARA UMA SUBIDA MARAVILHOSA

- Evite trajes pesados e chinelos, tênis novos também não são recomendados

- Leve pelo menos 2 litros de água por pessoa

- Por ser uma trilha muito longa, é sempre bom levar alimentos para um lanche no topo. Frutas são os mais recomendados.

- Cuidado para não danificar a trilha e nunca deixe lixo nela. O parque pertence à todos, portanto deixe-o sem altera-lo.

- Antes de subir, fique sempre atento à previsão do tempo. Uma chuva pode tornar o passeio perigoso. O dia limpo facilita a visibilidade.

- Se for iniciante, é recomendável utilizar um guia, ou alguém que já conheça a trilha

- Nas subidas noturnas, use lanternas para iluminar o caminho e leve casacos

Aproveite o passeio!

Fotos: Raphael Dias Nunes

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E foi assim que eu consegui entrar para a Revista A+, do grupo Lance! . Coincidência ou não, a matéria de capa da primeira edição que eu trabalhei, foi sobre trilhas. Subi a Pedra do Quilombo (Jacarepaguá) e fiz uma escalada na Enseada do Bananal (Itacoatiara/ Niterói).

Segue o link da matéria: http://www.lanceamais.com.br/?p=313

E das vídeo-reportagens:
http://www.lanceamais.com.br/?p=185
http://www.lanceamais.com.br/?p=98


Saudações Chorumélicas!

domingo, 14 de setembro de 2008

Arte e Saudosismo.

Saudosismo. Será que alguém pode sentir saudosismo de algo não vivido? Será que o sentimentalismo pode ser atemporal? Será que um jovem de 21 anos pode ter saudades da década de 60?

Nos dois últimos finais de semana tive oportunidades únicas e raras. Na sexta passada, ao entrar na sala de Cinema Paissandu às 23h15 da noite acho que tive uma sensação estranha. Todas aquelas pessoas ali em minha volta, umas da mesma idade, outras que com certeza participaram da “Geração Paissandu”, outras que construíram a contra cultura cinematográfica e outras que nem sabem porque ou como, mas estão ali, com seus olhos adestrados cinematograficamente assistindo Felini.

Dentre os muitos filmes que assisti nas últimas sessões do "Paissandu" (“Casablanca”, “Bela da Tarde”, etc.) um deles merece minha simplória análise, “Noites de Cabíria”. Um clássico do neo-realismo e vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. Sútil, engraçado, semióticamente perfeito. Cheio de simbologias e referências que nos fazem esquecer por um momento todo pragmatismo do cinema atual.

Neste sábado, o privilégio foi inenarrável. Sérgio Britto atuando em Samuel Beckett, um “duelo” de mestres, um com 85 anos e uma densidade cênica de fazer chorar, o outro, dramturgo irlandês, que faz da solidão humana sua potência cognitiva para analisar como o homem é impotente diante das curvas da vida.

Eram dois monólogos, “A última gravação do Krapp” e “Um ato sem palavras”. O primeiro, escrito em 1957, um ato nostálgico, que traz várias referências autobiográficas do autor e uma relação de memórias românticas com a sua amada. O segundo, de 1956, leva ao público a admiração de Beckett pelo cinema mudo, uma adaptação do livro “A mentalidade dos Macacos”, da década de 30. No livro, experimentos realizados com macacos que colocavam um cubo sobre outro para alcançar uma banana. Na peça, as tentativas do personagem de alcançar uma garrafa d’água para matar a sede traduzem uma realidade mais sarcástica e ácida que a dos macacos.

Eu fico pensando, será que só antigamente que se faziam coisas geniais ou hoje que só fazem merda? Será que estou caindo num saudosismo exacerbado? Ou será que estou avançando intelectivamente e sabendo separar as coisas “boas” das “ruins”?

Difícil saber. No entanto é fácil descobrir, diante de uma realidade instantaneísta e espetaculosa midiáticamente, porque quando nos deparamos com artes que nos trazem uma complexidade angustiante, ficamos completamente fascinados. Verdadeiras “porradas” na mente.

Posso estar sendo saudosista (bem provável que isso esteja acontecendo), mas não podia deixar de registrar dois momentos inesquecíveis, onde a velocidade do discurso humano atual fica pueril perante a genialidade de pessoas do século passado.