quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Natal e as Rabanadas.

Você come rabanada sem ser no Natal? E doa seu "suado" dinheirinho fora do mês do Papai Noel?

O Natal é daqueles momentos em que você necessita expressar todo o seu sentimentalismo perante a sociedade. Doa aquelas roupas de merda que você ganhou no último amigo oculto da empresa, aquelas cuecas estilo "Borat" que sua Tia-avó te deu no aniversário e depois disso se sente o "Nelson Mandela" da sociedade, o paladino das causas pobres. É o espirito natalino!

Você passa na rua cumprimenta as pessoas, caso não tenha resposta positiva fica revoltado, "em pleno Natal as pessoas não se falam, que horror né maria?", retruca aquela senhora que o ano todo nunca dá bom dia ao porteiro do prédio.

Ainda tem aqueles dizeres sensacionais, "porra, meu irmão, ano que vem vai ser foda, é o nosso ano cara, quero passar a virada com vocês, to sentindo a vibe". Grande "vibe", aliás não sei que "vibe" natalina é essa. As pessoas se transformam em dezembro? Viram outras? Colocam uma máscara social capaz de escondê-las em uma bolha que fede a hipocrisia?

Fico matutando aqui onde ora "abundo", será que há alguma analogia cabalística entre o mês número 12 e solidariedade? Só pode ser! Os católicos de domingo irão dizer, "ah mas é o nascimento de Jesus". Ótimo, então precisamos de mais 364 messias para fazermos o bem durante todo o ano.

Então, caro leitor, não sinta-se ofendido, sinta-se instigado, instigado a dar um bom dia pelo menos durante todos os dias do seu "arrogante" ano. Jogue o "espiríto natalino" na frigideira, juntamente com suas deliciosas rabanadas, já que os dois são gostosos e fofinhos, mas só aparecem uma vez por ano.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cinema, Montagem e Imagem.

por Gabriel Mattos

A geração dos nativos digitais se adestrou cinematograficamente. Acostumados ao instantaneísmo da produção moderna, deixou de lado verdadeiras enciclopédias para o entendimento prospectivo da linguagem audiovisual.

A epopéia da cultura de massa norte-americana no pós-guerra começou a construir novos paradigmas, que levados a exibição exaustiva, se tornaram irrefutáveis para análises superficiais do cinema moderno. Os anos 80 e 90 afirmaram a cultura Hollywoodiana de se fazer cinema, os “moleques” da década de 70 (DePalma, Scorsese, George Lucas, entre outros.) calcaram seus nomes de vez no mercado e os folhetins ganham dimensões tecnológicas que enchem os olhos do espectador.

A verdadeira relação entre imagem, signo e mensagem se esvaziou juntamente com a construção de um olhar crítico da sociedade, interseção que constrói uma cinematografia linear comparada a criatividade sem recursos do cinema russo por exemplo.

Etimologia e origem

Tendo gênese na Grécia antiga, a imagem (do latim imago) significa representação visual de um objecto. À teoria de Platão, o idealismo, considerava a ideia (ou idéia) da coisa, a sua imagem, como sendo uma projeção da mente. Aristóteles, pelo contrário, considerava a imagem como sendo uma aquisição pelos sentidos, a representação mental de um objecto / objeto real, fundando a teoria do realismo. A controvérsia estava lançada e chegaria aos nossos dias, mantendo-se viva em praticamente todos os domínios do conhecimento.

A partir disso, seu tratamento se diluiu e se fundiu, tendo como cume um mundo onde todas as suas “vertentes” (som, vídeo, áudio) são quase irreconhecíveis entre si.

Desde a “dúvida” entre Platão e Aristóteles, o estudo da imagem é condicionado a códigos pré-adquiridos pelo homem. Mauro Luciano de Araújo, em artigo “Imagem e Ideologia”, mostra como a bagagem cognitiva individual é fator ímpar para observação. Segundo ele: “A imagem que está numa mediação entre a mente e o objeto, ela transcende o que vemos, é mais do que o que percebemos. A idéia é uma imagem modelo para todas as outras, uma fórmula que possui como exemplo várias outras imagens – e exemplifica essas outras imagens.”

Quando esta imagem ganhou movimentos, a discussão ganhou amplitude. Era a hora de criar uma nova linguagem e uma nova forma de decodificação desses signos, de forma a estreitar e catalisar púberes formas de pensamento na interseção pessoa/imagem.

“A saída da fábrica lumiére”, “ O Regador Regado”, entre outros filmes dos irmãos Luimère, começam a traduzir a realidade do olhar humano em telas, costurando, já naquela época, alguns gêneros e traços eternos do cinema moderno.

Além disso, é consensual o fato da imagem transformada em cinema estar intimamente associada a tradição literária, assim como o advento da fotografia manteve, na origem, forte conexão com a pintura. Todavia, ao firmar-se a parceria deste cinema com a literatura, tem-se o intuito de caracterizar-se um paradoxo, ou seja, as duas modalidades são tão próximas entre si, quanto de si distanciadas. A imagem cinematográfica surge suprindo o que a literatura não poderia jamais alcançar. São, portanto, dois sistemas de codificação. Contudo, quando a imagem vira cinema, para seu bem e para seu mal, acaba se desenvolvendo em duas vertentes, “Cinepoética” e “Cine-estória”, ambas subtraídas de modalidades literárias.

Não obstante, a imagem “pura” (cinema mudo) oferece uma subjetivação semiótica maior, extraindo nova codificação dos sentidos, ao passo que a imagem conjugada com palavras e sons, montam um sistema mais facilmente decodificado.

Somando-se esses aspectos, o “movie” leva a imagem e o movimento à interpretação semiótica e imaginativa de cada um.

Cinema Russo e a Montagem

É senso comum que os anos 20 foram do cinema russo. Sendo um dos mais ricos e experimentais do mundo, serve como um dicionário para grandes diretores como Antonioni e Coppola.
A Revolução trouxe consigo escolas de cinema importantes em Moscou e Leningrado. Expressões naturalistas e vanguardistas, embora carregadas ideologicamente, anunciavam a construção de novos paradigmas nas artes visuais.

“A Greve”, de Eisenstein, inaugura a montagem dinâmica com metáforas visuais e contrastes, na seqüência, o antológico “O Encouraçado Potemkim”, com a magistral sequencia na escadaria Odessa. Outros pioneiros na arte da “montagem dinâmica” foram Alexander Dovzhenko, com sua ode a Ucrânica, “A Terra”, e Dziga Vertov, com uma obra paradigmática, “O Homem com uma Câmera”.

Essa concepção de montagem traz a idéia de que cada plano deve funcionar como atração principal, introduzindo dinamismo e ritmo ao filme. Cortes rápidos e sonoridades fortes constroem um mosaico altamente impactantes, privilegiando um conflito semiótico entre as cenas.

Juntamente com a “Montagem Orgânica e Paralela” de Griffith, esta organização Eisenstasiana, forma uma enciclopédia para qualquer tema ligado ao audiovisual hodiernamente.
E um ensaio clássico, Eisenstein compara a montagem com os Ideogramas japoneses. Traçando dualidades entre o sistema de escrita japonês e a construção de uma obra cinematográfica.

“A questão é que a união de dois hieróglifos das séries mais simples deve ser encarada, não como sendo a sua soma, mas como o seu produto, isto é, um valor de outra dimensão, de outro grau. Isto é Montagem. Sim, exatamente o que fazemos no cinema, ao combinar dois planos que são descritivos, de significação singela, para criar sucessões de contextos intelectuais”, afirma o autor.

A Modernidade e Seus Novos Paradigmas

Como dito no primeiro trecho, a emergência de sociedade midiática, calcou a metade final do século XX. Assim, na ebulição da Indústria Cultural (Escola de Frankfurt) era preciso começar a construir artes mais “digestivas” do ponto de vista intelectivo e a fusão dos meios foi fator primordial neste processo.

O vídeo, por exemplo, alterou a subjetivo do espectador diante dos filmes. Substitui-se o tempo “tirânico” do cinema, doando, ao espectador, uma prática democrática, ou seja, ele se torna senhor do tempo e do espaço. Com isso, o olhar perdeu perplexidade.

As novas tecnologias, apesar das benesses indubitáveis, são tão carregadas de obsolescência planejada que não deixam seus moderadores a usarem até o esgotamento prático das mesmas. Basta exemplificar o tempo de cada forma de se fazer cinema. Ficamos décadas nos rolos, passando pelo vídeo (ainda com alguma demora), apenas alguns anos pelo DVD e já caímos na filmagem digital (HD). Assim sendo, não há uma utilização plena dos mecanismos que se dispõe entre os meios.

Apesar de alguns suspiros, a narrativa cinematográfica acaba “matando” a cinepoética. A criação de uma fórmula folhetinesca de se fazer cinema, apesar de se utilizar das montagens de Eisenstein e Griffith, acabam por linearizar a formação de um pensamento crítico mais interpretativo, imaginativo e intelectivo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pela mudança sim, mas por quê?

Por Leonardo Vicente

Que a campanha milionária do candidato eleito a presidência dos Estados Unidos gerou frutos, todos sabem. Mas, qual a verdade por trás disso tudo? Qual é a verdadeira mudança que o mundo almeja?

Nesses últimos meses de eleições americanas não teve crise financeira que perdurou nos noticiários brasileiros. Todos, sem exceção, davam uma ênfase maior do que a necessária para corrida à casa branca, acarretando em um desconforto aos seres pensantes que sabiam que o mundo não parava em feitio da espetacularização midiática.

Muito se falou em mudanças, “Yes we can” foi o slogan bem escolhido pelos democratas que, primeiramente, conquistaram a opinião pública de outros países para mais a frente o povo americano começar a entender a importância de uma eleição presidencial. Mas essa não era igual às outras, tudo em torno estava diferente.

Desavenças políticas a parte, podemos entender essa corrida eleitoral de outra maneira: como uma luta de boxe. Do lado esquerdo do ringue, com calção e luvas azuis, o candidato negro com seu espírito jovial e sagaz prometendo acabar paulatinamente com a guerra sem frutos e abrir um leque de oportunidades para todos. Do lado direito, com calção e luvas vermelhas, o candidato que entrou tentando defender o título do seu antecessor, velho de guerra e prometendo honrar a mesma linha política que há anos vem causando problemas à popularidade do país.

Notaram algo de estranho?

Até aqui, os nobres leitores já puderam entender o que eu quero ressaltar. A corrida presidencial americana teve como protagonistas duas personagens extremamente caricatas que representaram na forma bípede as promessas do seu estilo político. Não haveria pessoas melhores para representar essas personagens que os escolhidos pelos seus partidos.

Sendo assim, o número de pessoas indo as ruas e esperando nas filas (que até me lembrou filas dos nossos bancos estatais) não foi de se espantar. Seria sim, espantoso, se após as dezenas de passeatas e movimentos contra os métodos questionáveis do ex-presidente em exercício fazer política (não esqueçamos que ainda é o Sr. Bush) essa manifestação democrática não ocorresse nas urnas.

Levada em consideração a atual situação dos Estados Unidos, culpa única e exclusivamente de seu governante, podemos entender o porquê dessa eleição ter se tornado histórica: simplesmente foi a resposta de um povo insatisfeito e revoltado com o pior presidente americano dos últimos tempos. Foi literalmente um não aos republicanos e seus métodos políticos.

Ou seja, o que eu mais gostaria saber, com uma resposta sem hipocrisia, se é realmente essa a mudança que o mundo almeja ou é apenas a mudança que o mundo no momento está precisando? Se o cenário político e econômico fosse outro, será que os Estados Unidos, com toda sua superficialidade, colocariam o poder nas mãos de um democrata negro?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Saudações à galera chorumélica.

Por Leonardo Vicente

Tenho o prazer de comunicar que a partir de hoje começo a fazer parte da família do blog-jornal O CHORUME. Saindo das belas casas com saneamento básico, pegando carona no primeiro caminhão de lixo que passar e indo parar direto na parte fétida da imprensa, recolhendo aquilo que simplesmente é jogado para nós diariamente em todos os meios de comunicação para fazer uma análise coesa dos fatos.

A principio, gostaria de explicar aos nobres leitores como será a minha participação em vosso blog. Ao invés de ficar com o “trabalho sujo” de revirar o lixo a procura das matérias que assustam pelo grau de parcialidade e das verdades absolutas que a mídia em geral impõe, estarei com o trabalho light, podendo dizer que serei aquele que ficará à espera dos caminhões de lixo para selecionar o que poderá ser reciclado, por haver uma pouca, indevida ou inexistente divulgação por parte da grande mídia.

Ou seja, a minha “main idea” consiste em ir atrás daquela pessoa que merece um destaque, daquele lugarzinho que poucos sabem mas que muitos deveriam conhecer, descobrindo e explanando suas curiosidades e peculiaridades. Espero que vocês, nobres leitores, gostem.


XXX


Como primeira publicação, gostaria de postar a matéria que fez eu começar a escrever para o jornal on-line O Estado Rj (http://www.oestadorj.com.br/). Segue a matéria na íntegra.


O Novo Comportamento da Mídia de Massa
As influências e dificuldades do jornalismo on-line


Com a criação do conceito de jornalismo on-line, e os avanços tecnológicos que há décadas a Internet vêm sofrendo, a hegemonia da televisão tradicional como mídia de massas absoluta, paulatinamente pode sofrer perdas no século XXI. Uma das mais importantes causas de considerar essa divisão de poderes é a competência que a web criou de o leitor-internauta poder interagir com os portais de notícias e não apenas receber passivamente o que é dado a ele pela televisão.

Esse processo de interação entre portal de notícias e leitor vem criando laços estreitos que trazem importantes características para ambos. Para a mídia, que passou a conhecer com mais rapidez o seu tipo de leitor, traçando suas características com maior facilidade, e para o internauta, que pôde personalizar, através dos hiperlinks, sua forma de leitura, destacando apenas aquelas notícias que são importantes para si, além de participar de enquetes e chats para dividir sua opinião com outros usuários da web, diferente do jornal impresso ou televisão.

Apesar de já na década de 70 o The New York Times disponibilizar para os assinantes da Internet alguns de seus artigos na íntegra, foi na década seguinte que o jornalismo, nos mesmos Estados Unidos, começou a considerar o uso da web para suas produções, ainda simplórias, e para apenas um público ainda muito específico. E foi nos anos 90, que começou timidamente a se expandir, tornando no início do século um importante conceito midiático.

Quase quatro décadas depois de ser concebida, e com a popularização da tecnologia digital, a Internet virou uma ferramenta indispensável no cotidiano da grande maioria da população mundial. Com essa tecnologia e a facilidade de qualquer pessoa munida de computador com modem poder acessar a web, surgiu o dinamismo da disseminação da informação, e o jornalismo se viu pela primeira vez de frente com o verdadeiro imediatismo da notícia. Ou seja, com a criação dos jornais on line, houve também uma maior necessidade dos jornalistas trabalharem com o chamado “tempo real”. Um exemplo disso foram os acontecimentos do atentado ao World Trade Center, em 2001, que o mundo pode acompanhar pela internet com atualizações quase que imediatas de cada notícia.

Atualmente, a motivação que há no leitor quando visita algum site jornalístico é a busca por conteúdo. E com a competência da web, o jornalista pode oferecer esse conteúdo de várias formas ou fazendo uma junção entre todas as possíveis, que são: o texto, o vídeo, o áudio e a fotografia.

Porém, as dificuldades que o jornalismo on-line enfrentam são muitas, como reter a atenção dos leitores, já que no mesmo portal em que se acessa uma notícia encontra-se links que desviam a todo instante sua atenção do foco principal, além de ter que tornar o site envolvente e interativo para que o leitor se sinta confortável e busque outras vezes o seu conteúdo. Para suprir essas dificuldades, as medidas que os jornalistas encontraram foram deixar os textos mais curtos e objetivos, e alguns sites usam vídeos ou gráficos explicativos. Também são criadas enquetes para saber sobre o que o internauta gostaria de se informar melhor, além de disponibilizar a ele poder comentar sobre a notícia no próprio site.

E, hodiernamente, devido ao processo interativo entre leitor e notícia que o jornalismo on-line criou, outros meios de comunicação (jornal impresso, televisão e rádio) começaram a adaptar-se a essa nova maneira de fazer jornalismo. Nos impressos, por exemplo, algumas notícias chamam o leitor para que leia a matéria na íntegra, ou procure mais informações sobre ela, no site do jornal. Nos programas ao vivo, a televisão começou a usar as salas de bate-papo, onde os telespectadores acessam o portal do programa e enviam sua pergunta para o convidado, ou jornalista específico. E a rádio, que disponibiliza para o ouvinte trechos de programas gravados ou o acompanhamento em tempo real da sua programação na web.

O jornalismo on-line chegou para ficar e recriou o fazer jornalístico. Agora fica a cargo das redações decidirem o que é mais vantajoso para elas e para seus leitores: ser o primeiro a ter a notícia no ar, mesmo que nesse processo possam acontecer alguns erros devido ao curto espaço de tempo, ou não ser o primeiro a noticiar, mas dar ao leitor uma notícia coesa, correta e sem falhas.

domingo, 21 de setembro de 2008

Passaporte de entrada para a Revista A+

Por Raphael Dias Nunes


O Processo Seletivo da Areté Editorial S/A (Grupo Lance!)

Depois de uma prova que envolveu conhecimentos gerais, conhecimentos esportivos, 3 redações, prova de lógica, 2 questões discursvias-argumentativas e uma tradução de um texto em inglês; veio a entrevista.

Na entrevista, apresentei meu currículo e logicamente fui muito bem, pois apresentei meus (nossos) trabalhos brilhantes do CHORUME. Depois da entrevistadora ter ficado perplexamente impressionada com o talento e brilhantismo dos posts do CHORUME, ela me pediu ainda para fazer uma "matéria" sobre alguma experiência de trilhas minha.

Diante de tal desafio, desenvolvi o seguinte trabalho, que repasso aqui, na ÍNTEGRA.


"
PEDRA DA GÁVEA
Uma subida inesquecível

Localizada entre os bairros da Barra e de São Conrado, a Pedra da Gávea é um dos pontos mais visitados pelos trilheiros e turistas do Rio de Janeiro. Em sua composição, um imenso bloco de pedra, que se estende do mar até 842 metros de altitude. Aparentemente, parece impossível conseguir conquistar o seu topo, mas há uma trilha de acesso relativamente fácil que permite qualquer aventureiro chegar até seu cume. A entrada se dá por um condomínio no início da Barra, que fica na Estrada Sorimã, número 932 (nas proximidades do bar do Oswaldo). É permitida inclusive a entrada de carros.

A trilha mescla momentos fáceis e difíceis e exige um bom preparo físico, pois em algumas vezes, é necessário escalar. Mas o esforço é muito bem recompensado com o visual que se tem de cima da Pedra da Gávea, um dos mais bonitos (senão o mais) do Rio de Janeiro. Além do mais, a trilha é rodeada de mistérios e lendas, o que torna o passeio ainda mais curioso. Do alto, a vista em 360
º, pode-se visualizar as zonas sul e oeste da cidade, além de picos como o morro do Corcovado, o Gigante Adormecido, Pedra Bonita e até o Dedo de Deus.

A trilha


A subida é bastante cansativa e pode ser feita em aproximadamente 2 horas de caminhada e
escalada, se o grupo (ou o indivíduo) mantiver um bom ritmo. Pela frente, o visitante terá um longo caminho que pode ser dividido em três partes:

Em seu primeiro terço, a trilha é feita sem grandes dificuldades e
segue pela mata fechada. Este trecho é bastante sinuoso e em alguns momentos, pode-se perceber algumas setas amarelas para indicar o caminho certo. A caminhada vai até a Pedra do Navio, que de cima dela, se tem um mirante com uma vista parcial para o início da Barra. A partir daí, a trilha começa a ficar mais inclinada, com muitas subidas por troncos e pedras, que exigem pernas e braços em pequenas escaladas que não oferecem perigo. O segundo terço termina na entrada de uma grande área plana (praça da Bandeira), utilizada muitas vezes para se fazer um breve intervalo de descanso.

A parte final é pedreira. Literalmente. É a mais bonita, cansativa e – logicament
e – alta. A vegetação começa a se abrir e com isso o visual torna-se cada vez mais incrível, podendo-se ver a face nordeste da pedra, que impressiona por seu formato de rosto de ancião. Mais à frente, chega-se ao local que é considerado o mais crítico da subida: A Carrasqueira. Um amontoado de rochas, onde a escalada é inevitável. Temida por muitos, é justamente lá que muitas pessoas desistem e se acidentam também. Por isso, todo cuidado é pouco. O rochedo se divide basicamente em três grandes fendas. Na subida, é preferível utilizar a fenda do meio, por ter mais pontos de apoio. Superada a dificuldade e o cansaço da Carrasqueira, a trilha ainda segue por caminhos estreitos que devem ser seguidos com muita atenção, devido às constantes erosões que ali ocorrem.

DICAS PARA UMA SUBIDA MARAVILHOSA

- Evite trajes pesados e chinelos, tênis novos também não são recomendados

- Leve pelo menos 2 litros de água por pessoa

- Por ser uma trilha muito longa, é sempre bom levar alimentos para um lanche no topo. Frutas são os mais recomendados.

- Cuidado para não danificar a trilha e nunca deixe lixo nela. O parque pertence à todos, portanto deixe-o sem altera-lo.

- Antes de subir, fique sempre atento à previsão do tempo. Uma chuva pode tornar o passeio perigoso. O dia limpo facilita a visibilidade.

- Se for iniciante, é recomendável utilizar um guia, ou alguém que já conheça a trilha

- Nas subidas noturnas, use lanternas para iluminar o caminho e leve casacos

Aproveite o passeio!

Fotos: Raphael Dias Nunes

"


E foi assim que eu consegui entrar para a Revista A+, do grupo Lance! . Coincidência ou não, a matéria de capa da primeira edição que eu trabalhei, foi sobre trilhas. Subi a Pedra do Quilombo (Jacarepaguá) e fiz uma escalada na Enseada do Bananal (Itacoatiara/ Niterói).

Segue o link da matéria: http://www.lanceamais.com.br/?p=313

E das vídeo-reportagens:
http://www.lanceamais.com.br/?p=185
http://www.lanceamais.com.br/?p=98


Saudações Chorumélicas!

domingo, 14 de setembro de 2008

Arte e Saudosismo.

Saudosismo. Será que alguém pode sentir saudosismo de algo não vivido? Será que o sentimentalismo pode ser atemporal? Será que um jovem de 21 anos pode ter saudades da década de 60?

Nos dois últimos finais de semana tive oportunidades únicas e raras. Na sexta passada, ao entrar na sala de Cinema Paissandu às 23h15 da noite acho que tive uma sensação estranha. Todas aquelas pessoas ali em minha volta, umas da mesma idade, outras que com certeza participaram da “Geração Paissandu”, outras que construíram a contra cultura cinematográfica e outras que nem sabem porque ou como, mas estão ali, com seus olhos adestrados cinematograficamente assistindo Felini.

Dentre os muitos filmes que assisti nas últimas sessões do "Paissandu" (“Casablanca”, “Bela da Tarde”, etc.) um deles merece minha simplória análise, “Noites de Cabíria”. Um clássico do neo-realismo e vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. Sútil, engraçado, semióticamente perfeito. Cheio de simbologias e referências que nos fazem esquecer por um momento todo pragmatismo do cinema atual.

Neste sábado, o privilégio foi inenarrável. Sérgio Britto atuando em Samuel Beckett, um “duelo” de mestres, um com 85 anos e uma densidade cênica de fazer chorar, o outro, dramturgo irlandês, que faz da solidão humana sua potência cognitiva para analisar como o homem é impotente diante das curvas da vida.

Eram dois monólogos, “A última gravação do Krapp” e “Um ato sem palavras”. O primeiro, escrito em 1957, um ato nostálgico, que traz várias referências autobiográficas do autor e uma relação de memórias românticas com a sua amada. O segundo, de 1956, leva ao público a admiração de Beckett pelo cinema mudo, uma adaptação do livro “A mentalidade dos Macacos”, da década de 30. No livro, experimentos realizados com macacos que colocavam um cubo sobre outro para alcançar uma banana. Na peça, as tentativas do personagem de alcançar uma garrafa d’água para matar a sede traduzem uma realidade mais sarcástica e ácida que a dos macacos.

Eu fico pensando, será que só antigamente que se faziam coisas geniais ou hoje que só fazem merda? Será que estou caindo num saudosismo exacerbado? Ou será que estou avançando intelectivamente e sabendo separar as coisas “boas” das “ruins”?

Difícil saber. No entanto é fácil descobrir, diante de uma realidade instantaneísta e espetaculosa midiáticamente, porque quando nos deparamos com artes que nos trazem uma complexidade angustiante, ficamos completamente fascinados. Verdadeiras “porradas” na mente.

Posso estar sendo saudosista (bem provável que isso esteja acontecendo), mas não podia deixar de registrar dois momentos inesquecíveis, onde a velocidade do discurso humano atual fica pueril perante a genialidade de pessoas do século passado.

domingo, 22 de junho de 2008

NADA


Nenhuma coisa. A não existência. O que não existe. Coisa nenhuma. Nenhum valor. Coisa vã, nula.

De tão recriminado, esquecido, por ser tão desvalorizado e por não existir, o cronista, sem nada na mente, nada a fazer, resolve falar sobre o nada. Sim, ele mesmo, o nada. Seria ele (ou seria ela?) mesmo isso que foi descrito na definição do primeiro parágrafo?
Ele poderia ser um substantivo comum, usado usualmente e banalmente. Ou então um adjetivo, feito para definir algo desprezível, quase imperceptível (ex: Eu sou um nada). Pode ser também uma unidade de medida ou de valor (ex: Ele correu para o meio do nada; Não tenho nada na carteira). Pode até ser verbo, conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Pode ser ainda um monte de coisa que não estou lembrando. Só não pode ser nada.
O termo torna-se peculiar por ir contra a sua própria natureza, a sua existência. O nada nunca poderá ser o nada, por simplesmente já ser o nada. Ou então, o nada não é nada, já que ele existe. E como existe. Sempre presente nos momentos ociosos, ele é uma espécie de companhia nos momentos vagos. Está presente na rotina e também no meu bolso, sempre quando quando quero comprar algo. O que seria do ocaso, do inusitado e do inesperado, se não existisse o nada? É a partir dele também, que surge a melhor das inspirações. É uma aternativa de defesa, uma decisão. O nada pode até (não) ser nada. Mas é a partir dele que surge tudo.
Eu falo tanto "nada nada nada". Mas o que vocês, leitores achariam se eu deixasse isso aqui sem nada? O que fariam meus amigos e companheiros que escrevem comigo neste blog, se nada partir de mim? Me forço a isto e uso o termo em meu favor neste momento, para justamente não deixar essa página em branco. Sim, o nada me ajudou a produzir algo. Não é por espontânea vontade, é por condicionamento mesmo. Nem sempre isso acontece, mas é desesperador quando o nada resolve vir te fazer companhia. Mas desta vez, ele não conseguirá me vencer, pois estou aqui explanando-o, mostrando a todos do que ele é e o que ele pode ser capaz.
Digo isso a vocês, meus amigos, por ter ficado aqui na frente dessa tela, sem saber o que digitar. Por alguns momentos ter essa agonia de ter que escrever algo, mas no momento crucial, não vir coisa nenhuma. Por odiá-lo quando ele resolve esfoliar a minha mente sempre nos momentos que eu menos desejo e mais preciso. Por não saber direito o que ele é, de onde ele vem... Por saber que chegarei a ele, nessa tentativa frustrada de definí-lo. E me afastarei dele também. Por me identificar com ele, pois é possível constatar a nossa insignificância diante de um mundo onde tudo acontece e não há espaço mais para aquilo dito como nada. Por ninguém o desejar e todos o repudiarem, pois quem é e não tem nada, está fadado e associado ao fracasso. O nada foi minha salvação de hoje. Não sei até quando ele me ajudará. Não sei se ele voltará a me atrapalhar mais ainda.
E quer saber? Agora eu vou-me embora. Chega de fazer vocês lerem sobre o nada. Saiam daqui e voltem para as suas rotinas de executar o nada. É o que vocês deveriam fazer. É o que farei neste momento. Eu também tenho o direito de exercer o nada.

domingo, 15 de junho de 2008

Quem é Pseudo?

Pela definição formal temos o seguinte: “pseudo = Elemento de composição 1.= ‘falso’: pseudestesia; pseudópode.” Ora, isso todo mundo já sabe, o problema é o uso do termo.
Outro dia estava no MSN, papo vai, papo vem, uma amiga me disse que odeia quem usa a palavra em questão, ta certo, ela só não me respondeu o porquê da rejeição. De repente me veio à mente, o que é ser pseudo alguma coisa?
Pseudo-intelectual, pseudo-culto, pseudo-aristocrático, tudo virou pseudo. Se cairmos num relativismo psicológico, realmente tudo é um falsete. Mas, voltemos à vaca fria. Por que quando um termo, ou algo, cai em uso rotineiro vira motivo de uma “pseudo-rejeição”?
Os que vestem quadriculado criaram uma cartilha Cult e determinaram: tudo o que vira popular é uma merda! A graça é achar bom o que ninguém conhece. Se um “chicleteiro” assistir Felini, pode ter certeza que seus filmes virarão motivo de crítica. Dirão eles: “Não assisto mais isso, o Neo-realismo “aplayboyzou”.”
A expressão pseudo-intelectual também foi assim. Embarcados na emergência de uma nova geração que se diz culta, nossos jovens ganham status quando dizem que ouvem cartola e freqüentam o chorinho de domingo ou a free-session de Jazz de sábado. Não sei o que é pior, os que falam ou os que ouvem e aclamam o fanfarrão. A partir disso, quem fugir ao perfil determinado virou um “pseudo”. “Ai meu deus, tenho que ouvir Chico e ler Nietzsche se não estarei fora do contexto”, deve pensar nossa juventude.
Então, quadriculados de plantão, está expressamente proibido o uso da palavra pseudo, à custa de, se usada, você ser taxado como um alienado pelo sistema. Depois disso eles devem se policiar ao máximo, o xingamento alienado é a morte para eles.
Para eles e para mim. Ora, isso pode ser uma auto-crítica também, porque não? Acho que acabei de digitar um pseudo-artigo, ah mais foda-se! Acho que estou condenado ao pseudo-articulismo.
Porém, nem tudo está perdido, enquanto nosso blog for pouco visitado estaremos dentro da cartilha Cult como algo a ser elogiado, estou com medo é da grande massa de leitores que podem nos seguir, ai estamos fadados a ser um produto popular, vamos “aplayboyzar”, viraremos uma merda, nos tornaremos um pseudo-blog.

terça-feira, 10 de junho de 2008

MANIFESTO CHORUMÉLICO

Chorume - Líquido venenoso que se forma na decomposição do lixo, podendo contaminar o ambiente, se não houver cuidados especiais

Pesquisas indicam que 75% da população é analfabeta funcional, ou seja, não consegue decifrar ao certo o que diz a televisão, os jornais, os livros e até um simples blog. Muitos dos 25% que entendem o que é dito podem falar que esta maioria é, na verdade, sortuda, por não perceber o tamanho das besteiras que são ditas em boa parte desses veículos. Outros tantos preferem fazer vista grossa com tudo que possa atrapalhar sua doce tranqüilidade de plástico.

O que é melhor? Passar a vida cheirando lixo achando que tudo são flores ou deixar-se incomodar com a verdade estampada em seu fedor?

Neste espaço, três jovens jornalistas exercerão essa escolha. Sem purismos, mas com idéias e ideais, com corações e mentes abertas. Sem medo de mergulhar nas lixeiras escondidas em ruelas escuras para trazer à tona toda a sujeira acumulada nos dejetos e sobras, arrumados em sacos nas vielas do esquecimento, no reino das omissões.

Se as palavras têm poder, as cabeças devem guiá-las pelas bocas e papéis até os olhos e ouvidos dos que ainda acham que vale a pena o duelo de idéias, que pensam que o debate é o movimento de cabeças pensantes.

Aguardamos sua participação, sem medo de mexer nas latas de lixo de sua casa, nas dos vizinhos, dos poderosos, dos formadores de opinião, dos famosos, dos ídolos de barro, dos donos da verdade.

Se você não gosta do cheiro, não ponha a mão e tampe o nariz. Mas se você não tem medo, junte-se a nós na caça da verdade escondida nas cascas de banana e guimbas de cigarro no fundo do cesto. Na era da desinformação de massa, vamos juntos espremer cada saco azul até sua última gota de chorume!

O ringue do confronto de idéias está montado!