terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Início das aulas, início dos trotes

O período de férias estudantis acabaram, pois bem, a redação chorumélica, que está em falta com seus leitores, também tem que voltar ao trabalho. Contudo, como sabemos do povo brasileiro, apesar de particularmente não acreditar em crendices populares, o ano parece começar só depois do carnaval.

Porém, inicio 2009 em nosso blog não falando sobre o carnaval, sobre os costumes brasileiros ou crendices populares. Como disse, o período de férias estudantis acabaram, é época de ficar perdido pela faculdade procurando a sala correta de cada matéria, confirmar se o nome consta na pauta e rever aquelas pessoas (queridas ou não) que só vemos no período letivo. E, como em todo semestre que se inicia, pessoas se formam e pessoas iniciam sua jornada no belo e novo mundo da faculdade e, já sendo tradição, os trotes dão início a mais um ano semestre de aulas.

Tudo normal, o trote na verdade serve para os calouros fazerem amizades entre si e com os veteranos que o aplicam. Tudo normal, o trote é saudável e ajuda os calouros a perder a timidez e a se soltarem na faculdade. As brincadeiras não machucam, pintar o rosto, pedir dinheiro nas ruas e passar o papelzinho de boca em boca não é nada mais que normal no trote.

No entanto, todo início de semestre algumas faculdades inventam novas brincadeiras ‘saudáveis’ que viram matérias de jornais, e de semestre em semestre parece que as coisas pioram. Jovens que estudaram o ano inteiro para passar no vestibular e seguir carreira naquele ofício que sonham viram alvo da humilhação e tortura para o prazer alheio. Em algumas faculdades, as risadas duram enquanto os novos alunos são amarrados em postes, tomam banho de esterco com restos de animais, são chicoteados e agredidos, e mesmo com alguns indo parar no hospital as fotos ainda são distribuídas na internet. Essa prática, que se aproxima de um ritual tribal, é praticada por ambos os sexos com o mesmo grau de crueldade.

Mas, tudo isso é normal, afinal, não temos violência o bastante para ser apreciada em nosso cotidiano. Nós, seres pensantes, é que vivemos em outro planeta cujo a violência e o medo (de assaltos, assassinatos, sequestros e brigas por nada) imperam, onde a vida do ser humano já deixou de valer mais do que um i-pod há décadas. Esses aí, esses universitários veteranos que provavalmente são aqueles que tiram as melhores notas, é que vivem no mundo real e fantástico de Bob. Afinal, agredir, torturar e humilhar os outros sempre foi uma ótima prática de inclusão social e de fazer novas amizades.

Para quem não sabe ou ainda tem alguma dúvida:

“Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura.” Fonte: Wikipedia

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM963401-7823-TROTES+VIOLENTOS+SAO+COMUNS+EM+UNIVERSIDADES+DE+TODO+O+PAIS,00.html

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Dia primeiro

Por Raphael Dias Nunes

O ano Chorumélico de 2009 começou no dia 13 de janeiro, graças ao post de nosso amigo colunista Gabriel Mattos. Para muitos, o ano só começou no dia 02, 03 ou até no dia 05. O meu começou no dia 01, em grande estilo. Vou contar para vocês.

Estava eu, a contemplar o mar no dia em que o mundo pára na ressaca do reveillon. Melhor dizendo, estava eu e minha namorada, saudando Yemanjá no primeiro dia do ano, já que abdicamos de ir à praia na virada de ano. Queríamos ficar longe da confusão, sabe? De noitinha, fizemos um passeio pelo calçadão e depois fomos para a areia, na beirada do mar. Eu estava portando a mochila de minha amada, cheia de pertences: carteira com dinheiro, câmera fotográfica, roupas, etc. Tudo ótimo, noite agradável, sentamos na areia, bem pertinho da beira do mar, para discutirmos algumas bobagens corriqueiras.

A gente estava no meio de uma discussão, há uns 2 minutos já sentados na praia de Ipanema, em frente à rua Rainha Elizabeth, quando um elemento se aproximou, sem que percebessemos:

- Olha só, é melhor ir passando tudo o que vocês têm, senão eu mato os dois! - exclamou o assaltante, que era jovem, branco e estava com um casaco, onde supostamente ameaçava ter uma arma de fogo.

Foi um susto da porra. Eu tava no meio de uma conversa séria e não queria ser interrompido. Respirei um bocado, tentei manter a calma e finalmente dei uma resposta.

- Meu amigo, estou conversando com a minha mulher, numa boa, e as coisas não são bem assim...

- Vocês querem MORRER? Eu estou avisando, estou armado e se vocês não derem TUDO O QUE VOCÊS TÊM, vocês vão cair! - continuou o infrator, querendo a mochila que estava comigo

- Não é bem assim, rapaz. Você não vai levar tudo o que temos e nem vai matar ninguém aqui, fica calmo, por favor - retruquei

O cara ficou nervoso. Não parava de "segurar" a tal arma. Todo mundo estava nervoso. Ele não encostou um dedo sequer na gente. Mas o caso tinha que ser resolvido e alguém ia sair perdendo. Eu não ia dar a mochila pra ele de jeito nenhum.

- Você tá armado mesmo? Mostra a arma aí, que eu te passo o que você quiser - arrisquei.

O assaltante e a minha namorada ficaram mais nervosos ainda neste momento.

- Você tá maluco? Se eu mostrar minha arma, eu vou ter que sentar o dedo nos dois! - Ele ameaçou fortemente.

Nesse momento, eu pensei muito em partir pra porrada. Ele era magrinho, não esboçou nenhuma agressão e eu seria capaz de duvidar que aquele filho da puta estava armado. Mas pensei na minha mulher, pensei nas consequências e achei melhor tentar levar na conversa.

- Cara, você não vai matar ninguém, ninguém vai morrer aqui, fica calmo aí, na boa - eu disse, levantando-me e tentando acalmá-lo.

Neste momento, todos se levantaram.

- Você é um cara bom, não precisa disso - disse, passando a mochila para a minha namorada, enquanto ele estava perto de mim, já de pé. Eu não estava disposto a dar nada pra ele.

- Vocês são um bando de playboy, eu to passando fome e preciso comer alguma coisa! - disse o delinquente, já desesperando-se.

- A GENTE NÃO É PLAYBOY! - exclamou minha namorada, indignada.
- É, rapaz, todo mundo aqui é trabalhador e honesto, ninguém tá rico aqui não - prossegui.

O cara se acalmou, mas ainda queria dinheiro. Minha namorada, para acabar com a discussão, abriu a carteira e deu R$ 30 para o marginal.
Eu não me conformei:

- Ei pera aí, cara! Trinta reais é muito para comer! Devolve pelo menos 10 aí - Mas a coisa já tava feita. Ele sorriu irônico e disse:

- É isso aí, vou comer bem!

E nos afastamos. Eu e minha mulher em uma direção e ele em outra, passando ao lado de uma barraca de praia que estava rebaixada. Eu não parava de xingar o cara, dizendo que isso não ia ficar assim.
E nessas horas, não se acha polícia por lugar alguum!

Voltei discutindo ainda mais com a minha mulher. Ela estava puta comigo, por achar que eu conversei demais com o assaltante. E eu, puto com ela, por ela ter dado dinheiro para aquele babaca. Eu queria ir para delegacia registrar queixa, mas ela não quis. Foi uma merda total, um estresse completo. Pelo menos eu não dei a mochila. Acompanhei-a até o ponto de ônibus e depois que ela partiu, fui correndo até a 13ª DP, em Copacabana.
Perdi 30 minutos de minha vida lá. Eu dizia ao policial que dava pra pegar o cara, que ele devia ser local, amigo dos barraqueiros, mas ele ignorou e se limitou a me dar um REGISTRO DE OCORRÊNCIA.

Saí da delegacia e como eu já não tinha nada mais a perder, fui atrás do assaltante por conta própria. Se a Polícia não queria me ajudar, eu tinha a curiosidade ao menos de saber se aquele desgraçado era um trombadinha que se evapora ou era apenas um playboy fodido, cheirador de pó.

E acertou quem optou pela segunda alternativa.

O cara ainda estava na praia, logo quando eu cheguei. "Que idiota"... eu pensei. Mais um momento de tensão quando nos reencontramos. Pedi meus R$ 30 de volta, mas ele estava doidão, tomando uma cerveja em uma das mãos e com um maço de cigarros na outra, provavelmente comprados com o dinheiro que ele roubou. Eu não tinha mais o que fazer. Sair na mão seria prejuízo certo para ele, mas eu também poderia me ferrar. Como eu não queria sujar minhas mãos naquele nariz cheio de cocaína, eu mandei ele pagar uma cerveja pra mim e ficamos conversando - autor e vítima - bem no meio da areia de Ipanema. Descobri o nome dele, a ocupação, tínhamos vários conhecidos em comum...

Que merda, que merda. Fui assaltado por um playboy viciado em pó, só na lábia, mais uma vez. Mas dessa vez ele estava na minha frente! O que adiantaria chamar a polícia? Uma investigação demorada se iniciaria pelo Artigo 157, do Código Penal - ROUBO A TRANSEUNTE, o que resultaria na prisão dele, uma espécie pós-graduação no crime, sem contar que o cara ficaria com um ódio mortal de mim... Eu não queria isso.
Consegui descobrir tudo por conta própria em apenas 40 minutos. Mostrei meu RO e dei a segunda página do RO para ele, que só tinha a descrição do caso e a assinatura do "escriba", Rafael, meu pseudo-chará, da Polícia. (que eu bem que queria transcrever aqui...)
Dei um monte de lição de moral no cara, mas não ia adiantar nada mesmo... O sujeito ainda pegou uma trouxinha de cocaína, que disse ter comprado lá no Cantagalo, e armou uma carreirinha na própria mão.

- Quer? - Ele me ofereceu.
- Não, obrigado, não curto - respondi.

E ele, numa profunda puxada, aspirou aquilo que seria o troco que pedi de volta pra ele no assalto. Meu dinheiro virou pó, literalmente... Com o nariz todo branco, o cara me prometeu pagar os 30 merréis de volta, aos pouquinhos, quando voltássemos a nos encontrar. Apesar de eu não acreditar nele, eu disse que aceitaria. No fim da cerveja, ele ainda me abraçou, disse que eu sou um cara legal e disse que seríamos amigos. Muy amigos...
"Que idiota", pensei novamente...

E foi assim que 2009 começou para mim. Eu ainda dei sorte, por ser um assaltantezinho de merda, que não era MAU de verdade.
Querem saber o nome dele? Onde ele trabalha? Não vou dizer. Descubram tudo por conta própria. Mas não tentem fazer o que eu fiz. Você pode acabar se dando mal...

Feliz 2010 para todos!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Natal e as Rabanadas.

Você come rabanada sem ser no Natal? E doa seu "suado" dinheirinho fora do mês do Papai Noel?

O Natal é daqueles momentos em que você necessita expressar todo o seu sentimentalismo perante a sociedade. Doa aquelas roupas de merda que você ganhou no último amigo oculto da empresa, aquelas cuecas estilo "Borat" que sua Tia-avó te deu no aniversário e depois disso se sente o "Nelson Mandela" da sociedade, o paladino das causas pobres. É o espirito natalino!

Você passa na rua cumprimenta as pessoas, caso não tenha resposta positiva fica revoltado, "em pleno Natal as pessoas não se falam, que horror né maria?", retruca aquela senhora que o ano todo nunca dá bom dia ao porteiro do prédio.

Ainda tem aqueles dizeres sensacionais, "porra, meu irmão, ano que vem vai ser foda, é o nosso ano cara, quero passar a virada com vocês, to sentindo a vibe". Grande "vibe", aliás não sei que "vibe" natalina é essa. As pessoas se transformam em dezembro? Viram outras? Colocam uma máscara social capaz de escondê-las em uma bolha que fede a hipocrisia?

Fico matutando aqui onde ora "abundo", será que há alguma analogia cabalística entre o mês número 12 e solidariedade? Só pode ser! Os católicos de domingo irão dizer, "ah mas é o nascimento de Jesus". Ótimo, então precisamos de mais 364 messias para fazermos o bem durante todo o ano.

Então, caro leitor, não sinta-se ofendido, sinta-se instigado, instigado a dar um bom dia pelo menos durante todos os dias do seu "arrogante" ano. Jogue o "espiríto natalino" na frigideira, juntamente com suas deliciosas rabanadas, já que os dois são gostosos e fofinhos, mas só aparecem uma vez por ano.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Cinema, Montagem e Imagem.

por Gabriel Mattos

A geração dos nativos digitais se adestrou cinematograficamente. Acostumados ao instantaneísmo da produção moderna, deixou de lado verdadeiras enciclopédias para o entendimento prospectivo da linguagem audiovisual.

A epopéia da cultura de massa norte-americana no pós-guerra começou a construir novos paradigmas, que levados a exibição exaustiva, se tornaram irrefutáveis para análises superficiais do cinema moderno. Os anos 80 e 90 afirmaram a cultura Hollywoodiana de se fazer cinema, os “moleques” da década de 70 (DePalma, Scorsese, George Lucas, entre outros.) calcaram seus nomes de vez no mercado e os folhetins ganham dimensões tecnológicas que enchem os olhos do espectador.

A verdadeira relação entre imagem, signo e mensagem se esvaziou juntamente com a construção de um olhar crítico da sociedade, interseção que constrói uma cinematografia linear comparada a criatividade sem recursos do cinema russo por exemplo.

Etimologia e origem

Tendo gênese na Grécia antiga, a imagem (do latim imago) significa representação visual de um objecto. À teoria de Platão, o idealismo, considerava a ideia (ou idéia) da coisa, a sua imagem, como sendo uma projeção da mente. Aristóteles, pelo contrário, considerava a imagem como sendo uma aquisição pelos sentidos, a representação mental de um objecto / objeto real, fundando a teoria do realismo. A controvérsia estava lançada e chegaria aos nossos dias, mantendo-se viva em praticamente todos os domínios do conhecimento.

A partir disso, seu tratamento se diluiu e se fundiu, tendo como cume um mundo onde todas as suas “vertentes” (som, vídeo, áudio) são quase irreconhecíveis entre si.

Desde a “dúvida” entre Platão e Aristóteles, o estudo da imagem é condicionado a códigos pré-adquiridos pelo homem. Mauro Luciano de Araújo, em artigo “Imagem e Ideologia”, mostra como a bagagem cognitiva individual é fator ímpar para observação. Segundo ele: “A imagem que está numa mediação entre a mente e o objeto, ela transcende o que vemos, é mais do que o que percebemos. A idéia é uma imagem modelo para todas as outras, uma fórmula que possui como exemplo várias outras imagens – e exemplifica essas outras imagens.”

Quando esta imagem ganhou movimentos, a discussão ganhou amplitude. Era a hora de criar uma nova linguagem e uma nova forma de decodificação desses signos, de forma a estreitar e catalisar púberes formas de pensamento na interseção pessoa/imagem.

“A saída da fábrica lumiére”, “ O Regador Regado”, entre outros filmes dos irmãos Luimère, começam a traduzir a realidade do olhar humano em telas, costurando, já naquela época, alguns gêneros e traços eternos do cinema moderno.

Além disso, é consensual o fato da imagem transformada em cinema estar intimamente associada a tradição literária, assim como o advento da fotografia manteve, na origem, forte conexão com a pintura. Todavia, ao firmar-se a parceria deste cinema com a literatura, tem-se o intuito de caracterizar-se um paradoxo, ou seja, as duas modalidades são tão próximas entre si, quanto de si distanciadas. A imagem cinematográfica surge suprindo o que a literatura não poderia jamais alcançar. São, portanto, dois sistemas de codificação. Contudo, quando a imagem vira cinema, para seu bem e para seu mal, acaba se desenvolvendo em duas vertentes, “Cinepoética” e “Cine-estória”, ambas subtraídas de modalidades literárias.

Não obstante, a imagem “pura” (cinema mudo) oferece uma subjetivação semiótica maior, extraindo nova codificação dos sentidos, ao passo que a imagem conjugada com palavras e sons, montam um sistema mais facilmente decodificado.

Somando-se esses aspectos, o “movie” leva a imagem e o movimento à interpretação semiótica e imaginativa de cada um.

Cinema Russo e a Montagem

É senso comum que os anos 20 foram do cinema russo. Sendo um dos mais ricos e experimentais do mundo, serve como um dicionário para grandes diretores como Antonioni e Coppola.
A Revolução trouxe consigo escolas de cinema importantes em Moscou e Leningrado. Expressões naturalistas e vanguardistas, embora carregadas ideologicamente, anunciavam a construção de novos paradigmas nas artes visuais.

“A Greve”, de Eisenstein, inaugura a montagem dinâmica com metáforas visuais e contrastes, na seqüência, o antológico “O Encouraçado Potemkim”, com a magistral sequencia na escadaria Odessa. Outros pioneiros na arte da “montagem dinâmica” foram Alexander Dovzhenko, com sua ode a Ucrânica, “A Terra”, e Dziga Vertov, com uma obra paradigmática, “O Homem com uma Câmera”.

Essa concepção de montagem traz a idéia de que cada plano deve funcionar como atração principal, introduzindo dinamismo e ritmo ao filme. Cortes rápidos e sonoridades fortes constroem um mosaico altamente impactantes, privilegiando um conflito semiótico entre as cenas.

Juntamente com a “Montagem Orgânica e Paralela” de Griffith, esta organização Eisenstasiana, forma uma enciclopédia para qualquer tema ligado ao audiovisual hodiernamente.
E um ensaio clássico, Eisenstein compara a montagem com os Ideogramas japoneses. Traçando dualidades entre o sistema de escrita japonês e a construção de uma obra cinematográfica.

“A questão é que a união de dois hieróglifos das séries mais simples deve ser encarada, não como sendo a sua soma, mas como o seu produto, isto é, um valor de outra dimensão, de outro grau. Isto é Montagem. Sim, exatamente o que fazemos no cinema, ao combinar dois planos que são descritivos, de significação singela, para criar sucessões de contextos intelectuais”, afirma o autor.

A Modernidade e Seus Novos Paradigmas

Como dito no primeiro trecho, a emergência de sociedade midiática, calcou a metade final do século XX. Assim, na ebulição da Indústria Cultural (Escola de Frankfurt) era preciso começar a construir artes mais “digestivas” do ponto de vista intelectivo e a fusão dos meios foi fator primordial neste processo.

O vídeo, por exemplo, alterou a subjetivo do espectador diante dos filmes. Substitui-se o tempo “tirânico” do cinema, doando, ao espectador, uma prática democrática, ou seja, ele se torna senhor do tempo e do espaço. Com isso, o olhar perdeu perplexidade.

As novas tecnologias, apesar das benesses indubitáveis, são tão carregadas de obsolescência planejada que não deixam seus moderadores a usarem até o esgotamento prático das mesmas. Basta exemplificar o tempo de cada forma de se fazer cinema. Ficamos décadas nos rolos, passando pelo vídeo (ainda com alguma demora), apenas alguns anos pelo DVD e já caímos na filmagem digital (HD). Assim sendo, não há uma utilização plena dos mecanismos que se dispõe entre os meios.

Apesar de alguns suspiros, a narrativa cinematográfica acaba “matando” a cinepoética. A criação de uma fórmula folhetinesca de se fazer cinema, apesar de se utilizar das montagens de Eisenstein e Griffith, acabam por linearizar a formação de um pensamento crítico mais interpretativo, imaginativo e intelectivo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pela mudança sim, mas por quê?

Por Leonardo Vicente

Que a campanha milionária do candidato eleito a presidência dos Estados Unidos gerou frutos, todos sabem. Mas, qual a verdade por trás disso tudo? Qual é a verdadeira mudança que o mundo almeja?

Nesses últimos meses de eleições americanas não teve crise financeira que perdurou nos noticiários brasileiros. Todos, sem exceção, davam uma ênfase maior do que a necessária para corrida à casa branca, acarretando em um desconforto aos seres pensantes que sabiam que o mundo não parava em feitio da espetacularização midiática.

Muito se falou em mudanças, “Yes we can” foi o slogan bem escolhido pelos democratas que, primeiramente, conquistaram a opinião pública de outros países para mais a frente o povo americano começar a entender a importância de uma eleição presidencial. Mas essa não era igual às outras, tudo em torno estava diferente.

Desavenças políticas a parte, podemos entender essa corrida eleitoral de outra maneira: como uma luta de boxe. Do lado esquerdo do ringue, com calção e luvas azuis, o candidato negro com seu espírito jovial e sagaz prometendo acabar paulatinamente com a guerra sem frutos e abrir um leque de oportunidades para todos. Do lado direito, com calção e luvas vermelhas, o candidato que entrou tentando defender o título do seu antecessor, velho de guerra e prometendo honrar a mesma linha política que há anos vem causando problemas à popularidade do país.

Notaram algo de estranho?

Até aqui, os nobres leitores já puderam entender o que eu quero ressaltar. A corrida presidencial americana teve como protagonistas duas personagens extremamente caricatas que representaram na forma bípede as promessas do seu estilo político. Não haveria pessoas melhores para representar essas personagens que os escolhidos pelos seus partidos.

Sendo assim, o número de pessoas indo as ruas e esperando nas filas (que até me lembrou filas dos nossos bancos estatais) não foi de se espantar. Seria sim, espantoso, se após as dezenas de passeatas e movimentos contra os métodos questionáveis do ex-presidente em exercício fazer política (não esqueçamos que ainda é o Sr. Bush) essa manifestação democrática não ocorresse nas urnas.

Levada em consideração a atual situação dos Estados Unidos, culpa única e exclusivamente de seu governante, podemos entender o porquê dessa eleição ter se tornado histórica: simplesmente foi a resposta de um povo insatisfeito e revoltado com o pior presidente americano dos últimos tempos. Foi literalmente um não aos republicanos e seus métodos políticos.

Ou seja, o que eu mais gostaria saber, com uma resposta sem hipocrisia, se é realmente essa a mudança que o mundo almeja ou é apenas a mudança que o mundo no momento está precisando? Se o cenário político e econômico fosse outro, será que os Estados Unidos, com toda sua superficialidade, colocariam o poder nas mãos de um democrata negro?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Saudações à galera chorumélica.

Por Leonardo Vicente

Tenho o prazer de comunicar que a partir de hoje começo a fazer parte da família do blog-jornal O CHORUME. Saindo das belas casas com saneamento básico, pegando carona no primeiro caminhão de lixo que passar e indo parar direto na parte fétida da imprensa, recolhendo aquilo que simplesmente é jogado para nós diariamente em todos os meios de comunicação para fazer uma análise coesa dos fatos.

A principio, gostaria de explicar aos nobres leitores como será a minha participação em vosso blog. Ao invés de ficar com o “trabalho sujo” de revirar o lixo a procura das matérias que assustam pelo grau de parcialidade e das verdades absolutas que a mídia em geral impõe, estarei com o trabalho light, podendo dizer que serei aquele que ficará à espera dos caminhões de lixo para selecionar o que poderá ser reciclado, por haver uma pouca, indevida ou inexistente divulgação por parte da grande mídia.

Ou seja, a minha “main idea” consiste em ir atrás daquela pessoa que merece um destaque, daquele lugarzinho que poucos sabem mas que muitos deveriam conhecer, descobrindo e explanando suas curiosidades e peculiaridades. Espero que vocês, nobres leitores, gostem.


XXX


Como primeira publicação, gostaria de postar a matéria que fez eu começar a escrever para o jornal on-line O Estado Rj (http://www.oestadorj.com.br/). Segue a matéria na íntegra.


O Novo Comportamento da Mídia de Massa
As influências e dificuldades do jornalismo on-line


Com a criação do conceito de jornalismo on-line, e os avanços tecnológicos que há décadas a Internet vêm sofrendo, a hegemonia da televisão tradicional como mídia de massas absoluta, paulatinamente pode sofrer perdas no século XXI. Uma das mais importantes causas de considerar essa divisão de poderes é a competência que a web criou de o leitor-internauta poder interagir com os portais de notícias e não apenas receber passivamente o que é dado a ele pela televisão.

Esse processo de interação entre portal de notícias e leitor vem criando laços estreitos que trazem importantes características para ambos. Para a mídia, que passou a conhecer com mais rapidez o seu tipo de leitor, traçando suas características com maior facilidade, e para o internauta, que pôde personalizar, através dos hiperlinks, sua forma de leitura, destacando apenas aquelas notícias que são importantes para si, além de participar de enquetes e chats para dividir sua opinião com outros usuários da web, diferente do jornal impresso ou televisão.

Apesar de já na década de 70 o The New York Times disponibilizar para os assinantes da Internet alguns de seus artigos na íntegra, foi na década seguinte que o jornalismo, nos mesmos Estados Unidos, começou a considerar o uso da web para suas produções, ainda simplórias, e para apenas um público ainda muito específico. E foi nos anos 90, que começou timidamente a se expandir, tornando no início do século um importante conceito midiático.

Quase quatro décadas depois de ser concebida, e com a popularização da tecnologia digital, a Internet virou uma ferramenta indispensável no cotidiano da grande maioria da população mundial. Com essa tecnologia e a facilidade de qualquer pessoa munida de computador com modem poder acessar a web, surgiu o dinamismo da disseminação da informação, e o jornalismo se viu pela primeira vez de frente com o verdadeiro imediatismo da notícia. Ou seja, com a criação dos jornais on line, houve também uma maior necessidade dos jornalistas trabalharem com o chamado “tempo real”. Um exemplo disso foram os acontecimentos do atentado ao World Trade Center, em 2001, que o mundo pode acompanhar pela internet com atualizações quase que imediatas de cada notícia.

Atualmente, a motivação que há no leitor quando visita algum site jornalístico é a busca por conteúdo. E com a competência da web, o jornalista pode oferecer esse conteúdo de várias formas ou fazendo uma junção entre todas as possíveis, que são: o texto, o vídeo, o áudio e a fotografia.

Porém, as dificuldades que o jornalismo on-line enfrentam são muitas, como reter a atenção dos leitores, já que no mesmo portal em que se acessa uma notícia encontra-se links que desviam a todo instante sua atenção do foco principal, além de ter que tornar o site envolvente e interativo para que o leitor se sinta confortável e busque outras vezes o seu conteúdo. Para suprir essas dificuldades, as medidas que os jornalistas encontraram foram deixar os textos mais curtos e objetivos, e alguns sites usam vídeos ou gráficos explicativos. Também são criadas enquetes para saber sobre o que o internauta gostaria de se informar melhor, além de disponibilizar a ele poder comentar sobre a notícia no próprio site.

E, hodiernamente, devido ao processo interativo entre leitor e notícia que o jornalismo on-line criou, outros meios de comunicação (jornal impresso, televisão e rádio) começaram a adaptar-se a essa nova maneira de fazer jornalismo. Nos impressos, por exemplo, algumas notícias chamam o leitor para que leia a matéria na íntegra, ou procure mais informações sobre ela, no site do jornal. Nos programas ao vivo, a televisão começou a usar as salas de bate-papo, onde os telespectadores acessam o portal do programa e enviam sua pergunta para o convidado, ou jornalista específico. E a rádio, que disponibiliza para o ouvinte trechos de programas gravados ou o acompanhamento em tempo real da sua programação na web.

O jornalismo on-line chegou para ficar e recriou o fazer jornalístico. Agora fica a cargo das redações decidirem o que é mais vantajoso para elas e para seus leitores: ser o primeiro a ter a notícia no ar, mesmo que nesse processo possam acontecer alguns erros devido ao curto espaço de tempo, ou não ser o primeiro a noticiar, mas dar ao leitor uma notícia coesa, correta e sem falhas.

domingo, 21 de setembro de 2008

Passaporte de entrada para a Revista A+

Por Raphael Dias Nunes


O Processo Seletivo da Areté Editorial S/A (Grupo Lance!)

Depois de uma prova que envolveu conhecimentos gerais, conhecimentos esportivos, 3 redações, prova de lógica, 2 questões discursvias-argumentativas e uma tradução de um texto em inglês; veio a entrevista.

Na entrevista, apresentei meu currículo e logicamente fui muito bem, pois apresentei meus (nossos) trabalhos brilhantes do CHORUME. Depois da entrevistadora ter ficado perplexamente impressionada com o talento e brilhantismo dos posts do CHORUME, ela me pediu ainda para fazer uma "matéria" sobre alguma experiência de trilhas minha.

Diante de tal desafio, desenvolvi o seguinte trabalho, que repasso aqui, na ÍNTEGRA.


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PEDRA DA GÁVEA
Uma subida inesquecível

Localizada entre os bairros da Barra e de São Conrado, a Pedra da Gávea é um dos pontos mais visitados pelos trilheiros e turistas do Rio de Janeiro. Em sua composição, um imenso bloco de pedra, que se estende do mar até 842 metros de altitude. Aparentemente, parece impossível conseguir conquistar o seu topo, mas há uma trilha de acesso relativamente fácil que permite qualquer aventureiro chegar até seu cume. A entrada se dá por um condomínio no início da Barra, que fica na Estrada Sorimã, número 932 (nas proximidades do bar do Oswaldo). É permitida inclusive a entrada de carros.

A trilha mescla momentos fáceis e difíceis e exige um bom preparo físico, pois em algumas vezes, é necessário escalar. Mas o esforço é muito bem recompensado com o visual que se tem de cima da Pedra da Gávea, um dos mais bonitos (senão o mais) do Rio de Janeiro. Além do mais, a trilha é rodeada de mistérios e lendas, o que torna o passeio ainda mais curioso. Do alto, a vista em 360
º, pode-se visualizar as zonas sul e oeste da cidade, além de picos como o morro do Corcovado, o Gigante Adormecido, Pedra Bonita e até o Dedo de Deus.

A trilha


A subida é bastante cansativa e pode ser feita em aproximadamente 2 horas de caminhada e
escalada, se o grupo (ou o indivíduo) mantiver um bom ritmo. Pela frente, o visitante terá um longo caminho que pode ser dividido em três partes:

Em seu primeiro terço, a trilha é feita sem grandes dificuldades e
segue pela mata fechada. Este trecho é bastante sinuoso e em alguns momentos, pode-se perceber algumas setas amarelas para indicar o caminho certo. A caminhada vai até a Pedra do Navio, que de cima dela, se tem um mirante com uma vista parcial para o início da Barra. A partir daí, a trilha começa a ficar mais inclinada, com muitas subidas por troncos e pedras, que exigem pernas e braços em pequenas escaladas que não oferecem perigo. O segundo terço termina na entrada de uma grande área plana (praça da Bandeira), utilizada muitas vezes para se fazer um breve intervalo de descanso.

A parte final é pedreira. Literalmente. É a mais bonita, cansativa e – logicament
e – alta. A vegetação começa a se abrir e com isso o visual torna-se cada vez mais incrível, podendo-se ver a face nordeste da pedra, que impressiona por seu formato de rosto de ancião. Mais à frente, chega-se ao local que é considerado o mais crítico da subida: A Carrasqueira. Um amontoado de rochas, onde a escalada é inevitável. Temida por muitos, é justamente lá que muitas pessoas desistem e se acidentam também. Por isso, todo cuidado é pouco. O rochedo se divide basicamente em três grandes fendas. Na subida, é preferível utilizar a fenda do meio, por ter mais pontos de apoio. Superada a dificuldade e o cansaço da Carrasqueira, a trilha ainda segue por caminhos estreitos que devem ser seguidos com muita atenção, devido às constantes erosões que ali ocorrem.

DICAS PARA UMA SUBIDA MARAVILHOSA

- Evite trajes pesados e chinelos, tênis novos também não são recomendados

- Leve pelo menos 2 litros de água por pessoa

- Por ser uma trilha muito longa, é sempre bom levar alimentos para um lanche no topo. Frutas são os mais recomendados.

- Cuidado para não danificar a trilha e nunca deixe lixo nela. O parque pertence à todos, portanto deixe-o sem altera-lo.

- Antes de subir, fique sempre atento à previsão do tempo. Uma chuva pode tornar o passeio perigoso. O dia limpo facilita a visibilidade.

- Se for iniciante, é recomendável utilizar um guia, ou alguém que já conheça a trilha

- Nas subidas noturnas, use lanternas para iluminar o caminho e leve casacos

Aproveite o passeio!

Fotos: Raphael Dias Nunes

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E foi assim que eu consegui entrar para a Revista A+, do grupo Lance! . Coincidência ou não, a matéria de capa da primeira edição que eu trabalhei, foi sobre trilhas. Subi a Pedra do Quilombo (Jacarepaguá) e fiz uma escalada na Enseada do Bananal (Itacoatiara/ Niterói).

Segue o link da matéria: http://www.lanceamais.com.br/?p=313

E das vídeo-reportagens:
http://www.lanceamais.com.br/?p=185
http://www.lanceamais.com.br/?p=98


Saudações Chorumélicas!