quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pela mudança sim, mas por quê?

Por Leonardo Vicente

Que a campanha milionária do candidato eleito a presidência dos Estados Unidos gerou frutos, todos sabem. Mas, qual a verdade por trás disso tudo? Qual é a verdadeira mudança que o mundo almeja?

Nesses últimos meses de eleições americanas não teve crise financeira que perdurou nos noticiários brasileiros. Todos, sem exceção, davam uma ênfase maior do que a necessária para corrida à casa branca, acarretando em um desconforto aos seres pensantes que sabiam que o mundo não parava em feitio da espetacularização midiática.

Muito se falou em mudanças, “Yes we can” foi o slogan bem escolhido pelos democratas que, primeiramente, conquistaram a opinião pública de outros países para mais a frente o povo americano começar a entender a importância de uma eleição presidencial. Mas essa não era igual às outras, tudo em torno estava diferente.

Desavenças políticas a parte, podemos entender essa corrida eleitoral de outra maneira: como uma luta de boxe. Do lado esquerdo do ringue, com calção e luvas azuis, o candidato negro com seu espírito jovial e sagaz prometendo acabar paulatinamente com a guerra sem frutos e abrir um leque de oportunidades para todos. Do lado direito, com calção e luvas vermelhas, o candidato que entrou tentando defender o título do seu antecessor, velho de guerra e prometendo honrar a mesma linha política que há anos vem causando problemas à popularidade do país.

Notaram algo de estranho?

Até aqui, os nobres leitores já puderam entender o que eu quero ressaltar. A corrida presidencial americana teve como protagonistas duas personagens extremamente caricatas que representaram na forma bípede as promessas do seu estilo político. Não haveria pessoas melhores para representar essas personagens que os escolhidos pelos seus partidos.

Sendo assim, o número de pessoas indo as ruas e esperando nas filas (que até me lembrou filas dos nossos bancos estatais) não foi de se espantar. Seria sim, espantoso, se após as dezenas de passeatas e movimentos contra os métodos questionáveis do ex-presidente em exercício fazer política (não esqueçamos que ainda é o Sr. Bush) essa manifestação democrática não ocorresse nas urnas.

Levada em consideração a atual situação dos Estados Unidos, culpa única e exclusivamente de seu governante, podemos entender o porquê dessa eleição ter se tornado histórica: simplesmente foi a resposta de um povo insatisfeito e revoltado com o pior presidente americano dos últimos tempos. Foi literalmente um não aos republicanos e seus métodos políticos.

Ou seja, o que eu mais gostaria saber, com uma resposta sem hipocrisia, se é realmente essa a mudança que o mundo almeja ou é apenas a mudança que o mundo no momento está precisando? Se o cenário político e econômico fosse outro, será que os Estados Unidos, com toda sua superficialidade, colocariam o poder nas mãos de um democrata negro?

3 comentários:

Raphael Dias Nunes disse...

Bela hipótese levantada!

Acho que é algo comparável (por baixo) com a encheção de saco do povo brasileiro nas eleições de 2002, após os 8 anos de FHC, que acabou elegendo um operário de esquerda, com 9 dedos nas mãos.

Vale lembrar que nesta época, o Brasil vivia um momento de baixo crescimento econômico e desemprego. Só que isso, escalonado aos EUA, torna-se uma crise financeira mundial...

O preconceito às avessas pode vir a favor da promessa de mudança, quando o quadro da chapa da situação é exaustivamente desgastante.

FRAGMENTOS DO COTIDIANO disse...

Considero o assunto importantíssimo.
Não, necessáriamente, por se tratar da eleição do presidente da maior economia (gostaria de citar: comprador) mundial; mas, e princupalmente, pelo desejo - ou apelo - de mudança demonstrado.
O mesmo apelo ocorreu na penúltima eleição aqui - mesmo que os eleitores fisgados não entendessem bem do que se tratava: "mudança" - e, posteriormente, na última, ainda mostrou sua potencialidade.
Coloco, no entanto uma questão maior: Por que o eleitor americano, e a opinião pública mundial escolheu Barak, em vez de Hilary?
Gostei do artigo.
Parabéns.

Leonardo Vicente disse...

É uma ótima pergunta. Acredito que como o apelo foi de mudança e a mudança pregada foi pelo novo (e não a simples mudança do republicano para democrata), logo, Hilary não poderia ser candita por causa do vínculo com o seu marido ex-presidente. Fora outras coisas que poderiam ser também motivos de análises, por exemplo o fato de Obama ser negro.